domingo, 11 de outubro de 2009

PROCURA

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Não somos ilhas, somos interacção permanente.

Ao escrever o meu último texto, "Às vezes", assumi-o como prosa poética. Isabel Fidalgo, uma poetisa por quem tenho a maior admiração, ao lê-lo sugeriu para ele outra configuração, argumentando que é poesia pura. Aqui fica a sua sugestão, com os meus agradecimentos. Entretanto, alterei-lhe também o título.
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Às vezes
Quando o cansaço ganha contornos
Apetece
Procurar o sol
A claridade
Dos dias prometidos.
No calcorrear da velha calçada
Um letreiro gasto, mas sempre novo
Sinaliza
Nas subtilezas do tempo
O graal de todas as demandas.
Insinua-se um vislumbre de promessa
A centelha do golpe de asa
Mas os olhos carecem de rumo
Porque temperados
Com a visão de mil profetas.
Às vezes
Com a luz na mão
Apenas olhamos
Para o mistério da sombra.
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3 comentários:

  1. Ás vezes pensamos que estarmos sós é isolarmo-nos e pensarmos para dentro, alheados ao estarmos no meio de tanta gente.
    às vezes mesmo sós toda a companhia que precisamos, e que nos enche a alma e transporta para um mundo onde a companhia são os pensamentos, está num poema, num texto, assim como os seus.
    Lindo!

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  2. Gosto sinceramente da nova configuração do texto. Ganha na sua dimensão formal mas principalmente na grandiosidade da sua mensagem. Parece haver um cadência de luz e sombra em momentos alternados de energia e fadiga. A curiosidade pelo desconhecido e a indiferença pela realidade...
    São apenas, como alguém já referiu, pensamentos que acordaram com a claridade do teu poema.
    JB

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